domingo, 27 de janeiro de 2008

UMA TRAGÉDIA QUE ABALOU O RIO


Escritor conta história do navio que se partiu na Baía de Guanabara

(Publicado no caderno "Tribuna Bis", do jornal "Tribuna da Imprensa", na edição de 20 e 21 de janeiro de 1995)

A "Tragédia do Magdalena" (Litteris Editora) é um desses livros cujo melhor destino seria a tela de um cinema. Escrita pelo médico e mergulhador Elísio Gomes Filho, um apaixonado pelo mar, a obra relata com fortes ingredientes dramáticos o naufrágio do transatlântico britânico Magdalena, que se partiu em dois na entrada da Baía de Guanabara, em abril de 1949.

Através de minuciosa pesquisa histórica, feita através de fotos, documentos e jornais da época, dá para imaginar os inúteis e dramáticos esforços para se salvar um dos orgulhos da Marinha Britânica, que afundou por completo em sua viagem inaugural e deixou como única vítima a tão decantada tradição marítima britânica.

A trágica história do Magdalena é comparada pelo autor ao famoso desastre do Titanic, ocorrido em 1912. Produzidos no mesmo estaleiro, os dois navios compartilham outros dados idênticos, como o profundo rombo que seus naufrágios causaram aos cofres britânicos.

Números, nomes e lugares são utilizados à exaustão pelo autor, que procura fazer da precisão histórica uma das tônicas do livro. Sem se ater apenas ao naufrágio e a todos os curiosos fatos que o envolveram, ele traça um minucioso painel da história da navegação, toda a sua evolução, os principais desastres e as origens da forte tradição marítica britânica.

O livro, porém, não é indicado apenas para quem come bolachas duras e sabe a diferença entre bombordo e estibordo. Até mesmo aqueles que sentem enjôo só de pensar no balanço do mar, são capazes de "deitarem âncora" nesse relato histórico. Embora surja, vez ou outra, um detalhamento técnico excessivo, Elísio não deixa de prender a atenção do leitor até a última página. O que não parece ser tão complicado, já que o naufrágio do Magdalena é repleto de fatos curiosos e instigantes.

O acidente do Magdalena foi uma das grandes notícias do ano, numa época em que o rádio era a principal atração doméstica dos brasileiros e o carioca, "além dos campos de futebol, distraía-se nos cinemas, atraído pelas comédias musicais - as chanchadas".

Os trechos retirados dos periódicos da época servem para se imaginar o impacto causado pelo acidente. O "Diário de Notícias" relatava o significado da tragédia: "Representava o aniquilamento de um ser vivo, algo como um ser jovem, colhido pela morte na sua primeira projeção sobre om undo". Como se vê, apesar de um certo romantismo que ainda imperava nas páginas de então, a emoção que tomou conta do naufrágio persiste até hoje, na memória dos que viveram de perto ou na vontade de quem pesquisou a fundo o calvário do Magdalena.

1 Comentários:

Às 15 de março de 2011 às 13:43 , Blogger ReidoLixo disse...

Boa tarde

Onde é que posso comprar este livro?

Agradeço resposta para r.calado @ netcabo .pt (sem espaços)

Obrigado

 

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